

Defesa Civil de Gaza relata 52 mortes em bombardeios de Israel
Israel emitiu alerta de evacuação para 14 bairros no norte da Faixa de Gaza, onde intensificou sua ofensiva, e a Defesa Civil do território registrou 52 mortes nesta quinta-feira (22) em bombardeios, apesar da pressão internacional.
A advertência à população foi emitida após a ONU relatar que enviou, na quarta-feira à noite, o equivalente a 90 caminhões de ajuda humanitária para a população de Gaza, após mais de dois meses e meio de um bloqueio total de Israel.
O Exército israelense alertou em uma mensagem em árabe sobre operações militares de grande intensidade em 14 áreas no norte de Gaza, onde afirmou que operam "organizações terroristas".
A Defesa Civil de Gaza relatou nesta quinta-feira 52 mortos em bombardeios israelenses em todo o território.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cada vez mais pressionado pela comunidade internacional para interromper a guerra e facilitar a entrada de ajuda humanitária em larga escala, disse na quarta-feira que estava disposto a concordar com um cessar-fogo temporário.
No início da semana, Netanyahu afirmou que, "por razões diplomáticas", permitiria a entrada de ajuda no território, mas advertiu que Israel tomaria o controle de toda Gaza.
Na quarta-feira à noite, "as Nações Unidas recolheram cerca de 90 caminhões carregados na passagem de fronteira de Kerem Shalom e os enviaram à Faixa de Gaza", anunciou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da organização.
O escritório de comunicação do governo de Gaza, liderado pelo movimento islamista Hamas, confirmou a chegada de 87 caminhões de ajuda, que foram entregues a organizações internacionais e locais para atender às "necessidades humanitárias urgentes".
"Tenho mais medo da fome e das doenças do que dos bombardeios israelenses", declarou Hosam Abu Aida, um deslocado que nasceu em Beit Lahia.
Um Talal Al Masri, uma palestina de 53 anos residente na Cidade de Gaza, afirmou que "todo mundo está esperando ajuda", mas que não receberam nada.
A ONU alertou esta semana que o volume de ajuda enviado é "uma gota de água no oceano" de necessidades dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza que, antes da guerra, recebiam diariamente quase 500 caminhões de suprimentos.
- Pressões externas -
Após quase dois meses de trégua, o Exército israelense retomou, em meados de março, a ofensiva contra Gaza e assumiu o controle de amplas faixas do território devastado pela guerra.
O governo israelense anunciou, no início de maio, um plano para a "conquista" de Gaza que exige o deslocamento interno da "maioria" de seus habitantes.
Desde sábado, o Exército realiza uma ofensiva de larga escala, com o objetivo de libertar os reféns que permanecem em cativeiro e eliminar o Hamas.
Mas "se houver uma opção para um cessar-fogo temporário, para libertar os reféns, estaremos prontos", declarou Netanyahu na quarta-feira.
Ao mesmo tempo, ele reiterou que "toda a Faixa de Gaza" estará sob o controle do Exército israelense ao final da ofensiva em curso.
A operação militar e o bloqueio à ajuda levaram países europeus a começar a adotar medidas contra Israel. O Reino Unido anunciou a suspensão das negociações para um tratado de livre comércio e a UE decidiu revisar seu acordo de cooperação.
As pressões "não desviarão Israel de seu caminho para defender sua existência e segurança", afirmou o Ministério das Relações Exteriores.
- Uma "realidade complexa" -
Para a diplomacia israelense, a UE mostra "uma falta de compreensão da realidade complexa que Israel enfrenta".
A guerra começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas contra o sul de Israel. A ofensiva matou 1.218 pessoas e 251 foram sequestradas, segundo dados israelenses.
A campanha de represália israelense contra Gaza causou pelo menos 53.762 mortes no estreito território palestino, segundo os dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.
A guerra em Gaza gerou um aumento do antissemitismo. Dois funcionários da embaixada de Israel em Washington D.C. foram assassinados a tiros na noite de quarta-feira, em frente ao Museu Judaico da capital dos Estados Unidos, por um homem que gritou "Palestina livre" ao ser detido.
Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, entre outros países, condenaram o ataque.
J.White--VC