

ONG denuncia morte de bebê por gases lacrimogêneos em protestos no Panamá
A ONG Aldeas Infantis SOS denunciou a morte de uma menina de um ano e 8 meses, em decorrência do uso de gás lacrimogêneo pela polícia do Panamá para conter protestos contra a reforma da Previdência na província caribenha de Bocas del Toro, versão que as autoridades colocaram em dúvida nesta quarta-feira (25).
A nota, publicada na conta do Instagram da ONG na noite de terça-feira, afirma que os fatos ocorreram na cidade de Pueblo Nuevo, sem especificar o dia.
A organização condenou "o uso excessivo e irresponsável da força" pela polícia e anunciou que apresentará uma denúncia para que "este assassinato não fique impune".
No entanto, o diretor da Polícia, Jaime Fernández, disse que "não houve nenhuma denúncia" formal sobre essa morte e acusou a ONG de relatar o caso "de uma forma antecipada e sem evidências".
"Há mais de cinco dias não tivemos nenhum confronto nesses locais, especialmente em Pueblo Nuevo, motivo pelo qual é discutível o que está sendo apresentado pelas Aldeas Infantis SOS", declarou Fernández aos jornalistas.
"Gostaríamos de poder ter as evidências para dar andamento à investigação", acrescentou o chefe de polícia.
Desde 28 de abril, manifestantes bloquearam mais de 40 pontos em rodovias e estradas em Bocas del Toro, em oposição à reforma da previdência.
Os protestos se intensificaram na quinta-feira, quando os manifestantes saquearam lojas, incendiaram veículos e vandalizaram um estádio, um aeroporto e vários edifícios públicos e escritórios.
Sem contar a denúncia das Aldeas Infantis SOS, as manifestações deixaram até agora um morto, mais de 300 detidos e dezenas de feridos, entre eles 14 policiais, segundo as autoridades.
A polícia usou gás lacrimogêneo tanto para conter os protestos quanto para reabrir as estradas bloqueadas.
Devido à violência, o presidente José Raúl Mulino decretou "estado de urgência" em Bocas del Toro. E suspendeu até o próximo domingo garantias constitucionais na província como as liberdades de circulação e reunião. O governo também cortou os serviços de internet e telefonia móvel no final de semana.
M.Walker--VC