Manifestantes indígenas enfrentam seguranças na COP30
Dezenas de manifestantes indígenas enfrentaram nesta terça-feira (11) seguranças da COP30, em Belém, ao tentarem entrar no centro de conferências, um incidente incomum no evento da ONU.
Os indígenas participaram de uma marcha pelo clima e pela saúde, e terminaram o dia dançando em frente ao local. Alguns deles entraram no prédio e foram empurrados para fora pelos seguranças, segundo imagens obtidas pela AFP.
A calma foi prontamente restabelecida, e os seguranças colocaram cadeiras e mesas nas entradas da "zona azul", onde acontecem as reuniões do evento, para impedir uma nova tentativa de acesso. Um policial foi retirado do local em cadeira de rodas, observou um jornalista da AFP.
A segurança da COP é garantida pela ONU no interior das instalações. "O movimento indígena queria apresentar sua pauta lá dentro da zona azul, aí eles não deixaram", explicou o professor da Universidade Federal do Pará João Santiago.
"Um grupo de manifestantes rompeu as barreiras de segurança na entrada principal da COP, causando lesões menores em dois seguranças e danos menores ao recinto", disse à AFP um porta-voz da ONU. "Funcionários das Nações Unidas e do Brasil tomaram medidas de proteção para garantir a segurança do local", acrescentou a fonte, segundo a qual o incidente está sendo investigado.
Policiais pediram aos participantes ainda presentes que desocupassem o centro de conferências.
Os organizadores da marcha se distanciaram dos incidentes. "As ações que ocorreram após a manifestação não fazem parte da organização do evento", afirmou a organização internacional 350.org.
- Acampamento indígena -
O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas, de 391 etnias, que falam 295 línguas, em uma população total de mais de 200 milhões de habitantes. Centenas deles, além de representantes de outras regiões do país e do mundo, animaram hoje a inauguração da Aldeia COP, um espaço montado para abrigar 3 mil indígenas na Universidade do Pará, onde eles vão se alojar durante a conferência.
Com suas vestimentas e pinturas tradicionais, representantes de diferentes povos animaram a prévia da inauguração com danças cerimoniais e cantos em suas diversas línguas. Muitos deles chegaram de barco a Belém, percorrendo por vários dias os rios da Amazônia.
"O homem branco deve respeitar a nossa floresta, as nossas terras, para não devastar o nosso território", disse o cacique Raoni, do povo Kayapó, que chegou em cadeira de rodas e foi recebido como astro na noite.
U.Hill--VC